sexta-feira, 24 de junho de 2016

A "Grande Olaria Francesa de Sensaud de Lavaud"

A aquarela feita por mim, mostra a olaria por volta de 1900, faz parte de um conjunto de 58 trabalhos chamado Passeando por Osasco e seus arredores inicio do século.
Em 1912 se transformaria na Cia. Cerâmica Industrial de Osasco.
As edificações  próximas a linha férrea seriam demolidas em 1962, o restante em 2014.
Dimensões 78x30 cms.
José Luiz Alves de Oliveira é Historiador.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

As pinturas parietais do Chalé Briccola


           
As pinturas parietais do Chalé Briccola
José Luiz Alves de Oliveira

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Figura 01 – chalé Briccola no início do século XX


Introdução
  A pintura parietal é uma das formas mais antigas de arte decorativa de interiores residenciais públicos e religiosas. Foi utilizada principalmente em casarões e palacetes de famílias abastadas.  Algumas eram finamente executadas outras com barrados tanto nas partes superiores e inferiores das paredes de dormitórios, salas de jantar, corredores, bibliotecas e quartos, aparecendo algumas vezes nas paredes exteriores.

Figura 02 – Pintura parietal no corredor do segundo pavimento do chalé Briccola



  Esse tipo de arte decorativa foi muito utilizado no século XIX e início do século XX, caindo posteriormente em desuso.   O que sabemos a respeito dessa técnica sobreviveu com raros artesões que as utilizam e com outras variantes, e claro com os raros exemplares existentes, muitos desconhecidos pelas populações atuais. Isto acontece por fatores como: a especulação imobiliária, que demole antigos palacetes, reforma de interiores e a conseqüente descaracterização, novas utilizações de imóveis com uma aparência mais moderna e a fácil manutenção.
  O seu desconhecimento acaba impedindo que seja considerado patrimônio cultural e representativo de um modo de vida e especificamente de uma época que usava esse tipo de arte para expressar o seu poderio econômico.
   Temos o seu conhecimento através da conservação e restauro dos poucos exemplares que sobreviveram, sejam residências, igrejas, teatros e outros.
  Não sendo de conhecimento da população, os raros exemplares estão desaparecendo aos poucos de forma imperceptível e silenciosa, oposto a decoração externa que por estar evidente a sua ausência é logo percebida.

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Fig. 03 – Pintura parietal em um dos cômodos do segundo pavimento do chalé.


  Há alguns anos atrás quando já havia iniciado a pesquisa sobre Osasco, me deparei com um jornal de 1919 “O Districto” e uma foto nele publicada, a qual me chamou a atenção, era uma foto do Chalé Briccola, que construíra a casa por volta de 1897, para servir como casa de campo.


Fig. 04 – foto publicada no jornal “O Districto”, 1919.


  A foto de 1919 mostra as personalidades da época, durante o almoço comemorativo do lançamento da pedra fundamental da Igreja Matriz de Santo Antonio. Atrás do grupo olhando para o canto superior direito é possível ver um desenho decorativo inclusive o forro também parece ser pintado.  Logo pensei, só pode ser uma pintura e certamente o interior é decorado.
   Minhas suspeitas se confirmaram com a última reforma quando fragmentos das pinturas foram restaurados em alguns cômodos.
      Alguns anos a mais se passaram para me despertar novo interesse...  Navegando pela internet localizei uma apresentação sobre o restauro digital da Casa de dona Yayá em São Paulo capital.  Ao ver esse trabalho me lembrei do chalé e sua pintura decorativa.  Fui ao chalé e tirei várias fotos para estudar o padrão ertístico.


Resultados
  Como resultado desse levantamento é possível recriar duas salas com as respectivas pinturas, infelizmente não existem registros, fotos e datas de quando as pinturas foram executadas ou se seguem algum modelo ou padrão.

Figura 05 – Pintura parietal em um dos cômodos do segundo pavimento do chalé.


 
Conclusões
  Infelizmente o chalé Briccola é o único exemplar existente que possui essa pintura decorativa em sua parte interna na cidade de Osasco. Sendo possível que mais quatro possuíssem: a casa de Antonio Agú, família Ferré, Carpentieri e a Vila Sascha, mas são conjecturas.    
     Essa pesquisa serviu como meio de resgate de uma arte praticamente esquecida e conhecer algumas informações sobre Osasco.
     Espero que sirva de incentivo para outros levantamentos e talvez mobilize o poder público para um restauro mais significativo, para que os moradores de Osasco possam conhecer um pouco mais dessa arte esquecida e do jeito de morar de outrora.

Referências
Pinheiro, Eny Feijó. Resgate de uma arte perdida no tempo - As pinturas parietais de uma residência santista do início do século XX e o seu projeto de restauro. Trabalho de conclusão de Curso de pós-graduação em Teoria e Prática da Preservação e Restauro do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico. UNISANTOS, 203, 240 pag.



sexta-feira, 18 de março de 2016

Novos bairros

 Novos Bairros

     São Paulo desenvolveu-se com rapidez extraordinária, mais que as cidades existentes no Brasil. Enquanto estava enclausurada na colina central, não co­nhecia as diferenças funcionais de um ponto a outro da cidade, a não ser as chácaras periféricas.
     As moradias concentravam-se no próprio triângulo, ao lado de casas de comerciais e as pe­quenas oficinas. A partir da década de 1880-90, iniciou-se a diversificação de funções e o aparecimento, ao lado do velho centro, de bairros operários e residenciais finos.
     Os primeiros bair­ros operários localizaram-se nas terras baixas vizinhas ao Tamanduateí, nas proximidades das estações ferroviárias e ao longo das ferro­vias. 
     No tempo do censo do Marechal Müller, tantas vezes citado (1836), o Brás era um aglomerado de aproximadamente 700 pessoas, vivendo em torno da capela do Senhor Bom Jesus, no caminho para o Rio de Janeiro. Em 1872 com 2.300 moradores.
     Com a inauguração da estrada de ferro, o seu crescimento passa a ser constante.  
     Lotearam-se as Chácaras do Ferrão e da Figueira. O recenseamento de 1886 aponta 6.000 habi­tantes.   O Brás tornar-se com o tempo o distrito mais populoso da Capital Paulista.
     Os bairro considerados “finos” surgiram para além do Anhangabaú, no rumo geral de Oeste, onde foram abertas largas ruas e construíram-se ele­gantes palacetes, sobretudo nos  Campos Elíseos, preferido pela aristocracia cafeeira.
     Com o arruamento finalizado entre 1880-90, ali se instalaram ricos fazendeiros, construindo belíssimas e luxuosas mansões, no meio de grandes jardins luxuriantes.
     Desse passado imponente muito pouco foi preservado, e os que resistiram ao tempo não  testemunham a grandeza passada.
     Somente nos primeiros anos do século passado foi que esse bairro perdeu sua privilegiada posição, deixando de ser o mais elegante da cidade. Substituiu-o o bairro de Higienópolis, instalado em continuação à Vila Buarque e a Santa Cecília, e carac­terizado por suas luxuosas construções de tipo francês ou inglês, cen­tro da aristocracia paulistana até 1930.
     Outros bairros residenciais também apareceram nesse fim de século, seguindo quase sempre as vias de comunicação que colocavam São Paulo em contacto com o litoral e o interior.   
      Em direção de Pinheiros: o bairro da Consolação. No rumo do Sul, na direção de Santo Amaro: a Liberdade e a Vila Mariana e, no caminho do Ipiranga, Cambuci e Vila Deodoro.
     A década de 1870-80 assinalou as transformações que acabaram com o aspecto colonial, que manteve durante mais de trezentos anos. Já foi referido que esse pe­ríodo, que coincide em parte com a presidência João Teodoro, como a "segunda fundação de São Paulo", para lembrar a expres­são de um dos estudiosos de sua história. "Só em 1870, observa Eugênio Egas começou a Capital a progredir de modo apreciável. Instalam-se fábricas, fazem-se prédios bons, abrem-se novas ruas, melhoram-se edifícios públicos, em geral os logradouros da Cidade são cuidados; criam-se novos pontos de repouso e embelezamento.
    A “ febre” de progresso rápido, constante e seguro apodera-se dos paulis­tas. Eles querem que a sua capital seja uma cidade procurada por todos, nacionais e estrangeiros, que se torne um centro, um grande empório de comércio, indústria e arte". 01
01 – EGAS, EUGÊNIO, Os municípios paulistas. I, pág. 469. São Paulo, 1923.






     Com o presidente João Teodoro, segundo Paulo Cursino de Moura, "o primeiro que realmente se interessou pelos problemas de urbanismo" 02, ocorreu a iniciativa e a realização de melhoramentos públicos, que deram à cidade uma feição mais moderna e de acordo com os grandes progres­sos que se registravam na Província. Teve início as obras de saneamento da várzea de Carmo (anualmente inundadas pelas águas do Tamanduateí), foram abertas novas ruas, para a ligação entre os bairros. Ruas foram alinhadas, arborizadas e calça­das iluminadas.   
     Em 1872 a cidade conta com um serviço de bondes a tração animal. A primeira linha a liga o centro e a Estação da Luz. Em 1877 inau­gura-se a linha do Brás. Novas linhas foram criadas, unin­do o centro à: Moóca, Campos Elíseos, Santa Cecília, Consola­cão e Liberdade. A deste bairro fazia ponto final na rua S. Joaquim, onde se localizava a estação da linha férrea que, a partir de 1883, pôs a cidade em comunicação com Santo Amaro.
     Aos poucos, novas obras, pontes, aterros, serviço de águas e esgotos, iluminação a gás e depois elétrica, o Viaduto do Chá — contribuíram para tornar São Paulo uma cidade moderna.
     O Via­duto do Chá, planejado desde 1879, foi inaugurado em 1892, construído sobre o vale do Anhangabaú, foi o feito mais importante para a época. Realização de Jules Martin, sua estru­tura metálica veio da Alemanha, e durante mais de quarenta anos (o atual viaduto foi construído em 1936) foi testemunha muda do pro­gresso de São Paulo.


02 - MOURA, PAULO CURSINO DE, São Paulo de outrora, pág. 236. Ed. Melhora­mentos, São Paulo 1932.

UALE, op. cit., pág. 141.

A metrópole do café.

 A Metrópole do café

     No início da segunda metade do século XIX, a cidade de São Paulo ocupava uma área os tempos colo­niais. Assim, até 1870 a colina histórica, entre o Tamanduateí e o Anhangabaú era o centro da cidade.
     A ampliação dessa área ocorre com o loteamento das chácaras encontradas aos arredores, claro que sem a elaboração de um planejamento urbano.  É ainda complicado saber como a cidade se expandiu além do Anhangabaú.
     Na planta de 1810 de Rufino José Felizardo e Costa, de 1810, nota-se um núcleo à margem esquerda do córrego, em direção do hoje bairro de Santa Ifigênia.
     Entre 1870-80 a Chácara do Chá já estava arruada até as proximidades do atual Largo do Arouche; é o que se entende pela planta de Jules Martin, de 1877, na que aparece o bairro atual de Santa Ifigênia, com ruas ainda existentes com o mesmo nome até hoje: Aurora, Vitória, Triunfo (alusivas á findar da guerra do Paraguai), outras tiveram os nomes alterados. Viajantes a descrevem como a "Cidade Nova".
     Várias eram as chácaras loteadas a partir de 1880 para a ampliação da área urbana: em direção NORTE, as do Bom Retiro, do Miguel Carlos e do Campo Redondo; OESTE, as do Marechal Arouche, do Senador Queirós, de Martinho Prado e a do Bexiga; SUL, as do Barão de Limeira, de Dona Ana Machado, do Fagundes, do Cônego Fidelis, da Glória, do Menezes e a do Lavapés; LESTE, as do Ferrão e da Figueira.  Além desses dessas citadas e mais afastadas, havia extensos sítios: Tapa-nhoim, Caaguaçu, Casa Verde, Ipiranga, Freguesia do Ó e, mais afastado: Freguesia da Penha.
     Sem planejamento, São Paulo foi aos poucos crescen­do de forma desordenada, caótica, surgindo novos bairros, integrando-se ao mesmo tempo a nova realidade urbana.
     Podemos citar: Chácara das Palmeiras, que ainda em 1872 tinha casa-grande, senza­las, armazéns, cocheiras, plantações de chá e extensos, hoje o bairro de Santa Cecília e as atuais ruas Martim Francisco, Imaculada Conceição, Barão de Tatuí, São Vicente de Paulo, Alameda Barros e parte da Avenida Angélica, referência a antiga proprietária da chácara, Dona Angélica de Souza Queiroz Barros.
     A antiga Chácara do Campo Redondo passou a ser o bairro dos Campos Elísios.
      A chácara do Marechal Arouche, que projetava a partir a partir da Rua Alegre (atual Sebastião Pereira) até o Beco do Mata Fome (atual rua Araújo), loteada em 1894,  atual vila buarque. Chácara de Luiz Antônio de Souza Barros tam­bém loteada, nela são abertas as ruas de S. João, o Largo do Paissandu, a Rua do Seminário e a Praça do Correio.
     A do Brigadeiro Tobias correspondia ao trecho onde hoje encontramos o Largo de Santa Ifigênia, a Avenida Cásper Libero e a rua que conserva o nome do seu antigo proprietário.
     A Chácara do Carvalho forma partes dos bairros Barra funda e Bom Retiro. A do Conselheiro Antônio Prado compreende as atuais Praças Marechal Deodoro, Alameda Eduardo Prado e Ruas Brigadeiro Galvão, Vitorino Carmilo e Barra Funda.
     Na chácara de Dona Ana Machado abri­ram-se as ruas Sinimbu, Santa Luzia, Tomás de Lima e Conselheiro Furtado. Das chácaras do Fagundes e do Cônego Fidelis o bairro da Liberdade.

     Na antiga chácara do Barão de Limeira abriu-se a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, a fim de encurtar o ca­minho para Santo Amaro. Os campos do Bexiga transformaram-se no bairro  da Bela Vista.  Nas chácaras Paim e Pamplona e o sítio do Caaguaçu a Avenida Paulista. 

São Paulo na época de Antonio Agù.

A cidade de São Paulo na época de Antonio Agù

Na segunda metade do século XIX

     A segunda metade do século XIX é para São Paulo uma época de modificações, através das quais definiu a cidade atual. Se até 1870 tinha um aspecto acadêmica, girando em torno da Faculdade de Direito, a partir daquela data a capital paulista as barreiras que a cingiam à colina histórica, pôs-se a expandir de ma­neira crescente e imprevisível, viu alterar-se seu ritmo de vida, passou a conhecer funções novas, modernizou-se, caminho rápido e seguro para o espetacular crescimento registrado no século atual.
     Dentre os fatores de importância que podem explicar a expansâo da cidade, três se destacam: a expansão cafeeira, a viação férrea e a imigração européia. Os dois primeiros, café e via férrea, acham-se relacio­nados dentro da história econômica de São Paulo que dificilmente separam-se.
     A inauguração da primeira ferrovia paulista ocorreu em 1868, a antiga "Inglesa", ligando a capital ao Porto de Santos.  A partir de 1872, quando os trilhos atingiram as novas áreas cafeeiras da Província (que se haviam deslocado do vale do Paraíba para a região de Campinas), foi que a cidade de São Paulo começou a sentir as influências desse empreendimento. Ao findar o século, já contava com uma população de 240.000 habitantes, quando trinta anos antes, em 1872, contava apenas com 31.000, sendo a décima primeira lugar entre as cidades bra­sileiras.
     Também ligada à expansão do café, a imigração européia, especialmente italiana, que se intensificou a partir de 1887, veio dar novas forças à economia paulista e, contribuir para acentuar a feição cosmopolita que já vinha caracterizando a ci­dade de São Paulo desde meados do século. Logo, os povos estrangeiros se sobressaem nas diferentes atividades: comércio, indústria, em funções técnicas variadas, artes e ensino.
     Na indústria, foi grande a influência desses novos elementos da população urbana, cuja presença se fez sentir na última década do século, quando teve lugar o primeiro surto industrial.  Em 1901, São Paulo possuía 8.000 operários, sendo que 5.000 eram estrangei­ros, em grande parte italianos.
     Após o período de 1870-80 ocorre a "segunda fundação de São Paulo". 01
     Do antigo meio acadêmico, surge a "me­trópole do café", assim definida por Ernani da Silva Bruno, ou a "capital dos fazendeiros", como preferiu Pierre Monbeig. 02
     Da pacata cidade de outrora, com casas de taipa de pilão, muitas vezes descrita por viajantes, surge um poderio econômico e comercial totalmente diferenciada do restante do país.
     A riqueza vinda do interior da província, acrescida do cultivo cafeeiro e somada ao trabalho imigrante e as ferrovias, foram os fatores para esse desenvolvimento econômico.
     Por meio dela as riquezas embarcavam para as exportações como também as importações. Esse reduto de “Abastados Fazendeiros" ou "Meca do Café" chegou ao alvorecer do século XX com a estupenda população de aproximadamente 240 mil habitantes, ocupando o invejado segundo lugar entre as cidades do Brasil.

01 - E. SIMÕES DE PAULA, Contribuição monográfica para o estudo da segunda fundação de São Paulo, São Paulo, 936.
02 - MONBEIG, PIERRE, Aspectos geográficos do crescimento de São Paulo, em "Boletim Paulista de Geografia", n.° 16, São Paulo, 1954.


terça-feira, 15 de março de 2016

Bem-vindo a osasco-contandohistória-osasco
A Cia. Cerâmica Industtrial de Osasco.

A Empresa Cerâmica surgiu em 1912 e se manteve ativa até os anos 90 quando encerrou as atividades no Munícípio de Osasco.  Em destaque a fachada da empresa na década de 30.
Nota:a tarja "Osasco é História" ficara impressa nas fotos que serão adicionadas aqui, visto que muitos copiam as mesmas mas não dão o crédito da origem...
Sempre as quartas e sextas feira imagens e textos serão adicionados