A cidade de São Paulo na época de Antonio Agù
Na segunda
metade do século XIX
A segunda
metade do século
XIX é para São Paulo uma época de modificações, através das quais definiu a
cidade atual. Se até 1870 tinha um aspecto acadêmica, girando em torno da
Faculdade de Direito, a partir daquela data a capital paulista as barreiras que
a cingiam à colina histórica, pôs-se a expandir de maneira crescente e
imprevisível, viu alterar-se seu ritmo de vida, passou a conhecer funções
novas, modernizou-se, caminho rápido e seguro para o espetacular crescimento
registrado no século atual.
Dentre os
fatores de importância que podem explicar a expansâo da cidade, três se
destacam: a expansão cafeeira, a viação férrea e a imigração européia. Os dois
primeiros, café e via férrea, acham-se relacionados dentro da história
econômica de São Paulo que dificilmente separam-se.
A inauguração da
primeira ferrovia paulista ocorreu em 1868, a antiga "Inglesa",
ligando a capital ao Porto de Santos. A
partir de 1872, quando os trilhos atingiram as novas áreas cafeeiras da
Província (que se haviam deslocado do vale do Paraíba para a região de
Campinas), foi que a cidade de São Paulo começou a sentir as influências desse
empreendimento. Ao findar o século, já contava com uma população de 240.000
habitantes, quando trinta anos antes, em 1872, contava apenas com 31.000, sendo
a décima primeira lugar entre as cidades brasileiras.
Também ligada à
expansão do café, a imigração européia, especialmente italiana, que se
intensificou a partir de 1887, veio dar novas forças à economia paulista e,
contribuir para acentuar a feição cosmopolita que já vinha caracterizando a cidade
de São Paulo desde meados do século. Logo, os povos estrangeiros se sobressaem
nas diferentes atividades: comércio,
indústria, em funções técnicas variadas, artes e ensino.
Na indústria, foi grande a
influência desses novos elementos da população urbana,
cuja presença se fez sentir na última década do século, quando teve lugar o
primeiro surto industrial. Em
1901, São Paulo possuía 8.000 operários, sendo que 5.000 eram estrangeiros, em grande parte italianos.
Após o período de 1870-80 ocorre a "segunda fundação de São Paulo". 01
Do antigo meio acadêmico, surge
a "metrópole do café", assim definida por Ernani da Silva
Bruno, ou a "capital dos fazendeiros", como preferiu
Pierre Monbeig. 02
Da pacata cidade de outrora,
com casas de taipa de pilão, muitas vezes descrita por viajantes, surge um
poderio econômico e comercial totalmente diferenciada do restante do país.
A riqueza vinda do interior da província,
acrescida do cultivo cafeeiro e somada ao trabalho imigrante e as ferrovias,
foram os fatores para esse desenvolvimento econômico.
Por meio dela as riquezas
embarcavam para as exportações como também as importações. Esse reduto de “Abastados
Fazendeiros" ou "Meca do Café" chegou ao alvorecer do século XX
com a estupenda população de aproximadamente 240 mil habitantes, ocupando o
invejado segundo lugar entre as cidades do Brasil.
01 - E. SIMÕES DE PAULA, Contribuição monográfica para
o estudo da segunda fundação de
São Paulo, São Paulo, 936.
02 - MONBEIG, PIERRE, Aspectos geográficos do crescimento de São Paulo, em "Boletim Paulista de Geografia", n.° 16, São
Paulo, 1954.
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