quinta-feira, 14 de maio de 2015

O jardim da Horticultura

O trabalho em historiografia local, é as vezes um tanto ingrato e decepcionante...
Ficamos horas buscando informações sobre pessoas e fatos, e raramente encontramos algo, o que é uma busca estafante, sem contar que quando é de uma família, que possa fornecer informações, as mesmas se negam, e se escondem no nevoeiro de um passado que possa fornecer informações sobre uma sociedade que não existe mais.... Ou seja, guardam as informações para si mesmas...
Não é uma crítica pessoal e sim a dificuldade que todos os historiadores vivenciam em suas buscas, para tentar compreender o passado.
Atento as tecnologias atuais, que se renovam constantemente, achei em uma página do Facebook,  uma foto interessante, um pequeno garoto, nos idos da década de trinta, não sei exatamente quem  é, mas em segundos reconheci a figura em segundo plano:  duas pilastras em tijolos, velha conhecida minha, que ficavam defronte a atual Rua Antonio Agù.  Era a entrada ou saída do “jardim da horticultura”, conforme consta em um mapa desenhado por Júlio Saltini, em 1899.  As mesmas pilastras também aparecem na Rua Dona Primitiva Vianco, em foto da década de 40.
     Em historiografia, existe sempre um tema central e os transversais, é impossível pesquisar tudo, mas sempre surgem informações que contribuem de alguma forma, ainda que não seja o tema central. ex: Informações obtidas em documentos notariais.
     Em 09/05/1900 os irmãos Giacomo e João Smeriglio adquirem de Antonio Agù dois lotes de terra.
     O 1° lote: com frente para a R. Henrique Dell’ Áqcua (atual R. Antonio Agù), com 6 m de frente, de um lado Com Evaristhe Sensaud de Lavaud com 42 m a direita, e com Cesare Mischi, onde mede 39 m. Fundos também com Sensaud de Lavaud.  Neste local havia uma pequena casa comercial que vendia hortaliças. Existe um registro fotográfico (refiz em desenho, pois só aparece em parte, o resto da descrição é do Sr. Walter Ramos), e a entrevista com o Sr. Walter Ramos, neto de Da. Mariana Q. Fabbri, ele descreve o apelido de Giacomo como “Jacolim”, idem para o também morador João Vicente que o conheceu pessoalmente.  Essa ficava ao lado esquerdo da Vila Cerqueira
     O 2° lote: frente para a mesma rua, com 36 m, lado direito com Ercole Ferrè, com 76 m, segue fazendo um ângulo agudo e segue com 19 m, novo ângulo  até a r. Da. Primitiva Vianco com 54 m.  Confronta-se de uma lado com:  Alesio José (vendido depois á Domingos Spada),  viúva Mariana Q. Fabbri,  Miguel Toschino, José Barbieri e do outro lado com Sensaud de Lavaud onde mede 54 m e ai faz um ângulo onde mede 54 m, fazendo um ângulo agudo com  ? m, daí faz outro ângulo e segue por 49 m., até encontrar a R. Primitiva Vianco, onde faz frente com 49 m. Este era conhecido como o “jardim da horticultura”, segundo mapa de 1899.
     Neste terreno é previsto a abertura de uma rua, que não acabou ocorrendo.
     Na cópia do mapa que reproduzi não aparece a localização da moradia familiar, mas em mapas posteriores, aparece ao lado do terreno de Sensaud de Lavaud.  Mas é possível que a construção tenha mudado de localização...
José Luiz Alves de Olveira
Bacharel em História pela UNIFIEO

Osasco,17 de abril de 2015.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Resumo histórico de Osasco

Resumo histórico sobre Osasco
São mais que merecidas todas as homenagens a Antônio Agú, por­que a elle se deve o que é pre­sentemente o districto de Osasco.
Para se avaliar bem e a popu­lação melhor ajuizar o valor moral e activo desse homem de largas vistas propulsoras do trabalho, bas­ta ler o que a seguir transcrevemos, copia exacta do archivo da Câma­ra Municipal da Cidade de São Paulo, com annos já, de documen­tação e de bastante opportunidade.
"De caminho para Osasco; no kilometro 13 da estrada, se atravessa a propriedade da Continental de Osasco, moderno Mata­douro Frigorífico, com uma matan­ça diária, para exportação, de 700 bois e 3OO porcos.
É um estabelecimento, que riva­liza com os seus congêneres ame­ricanos, nos quaes dos bois e dos porcos só não se aproveitam, por emquanto, os gritos.
Antes de 1890, o local onde está situada a pequena povoação de Osasco, a 16 kilometros desta capital por estrada de ferro, era apenas um inculto e estéril terreno.
A sua posição amena, a proxi­midade da capital, a situação do terreno em geral plano ao longo da estrada Sorocabana, uma das três mais importantes vias férreas de S. Paulo, attrahiram a attenção de Antônio Agú, activo e energico italiano que, possuindo razoável fortuna, quiz transformar esse pe­queno deserto em centro agrícola e industrial.
Em 1890, de volta do interior do Estado, após penosos trabalhos, Antônio Agú, comprou ahi 7.000.000 de metros quadrados de terreno, e, como se chama OSASCO na província de Turim, na Itália, o local do seu nascimento, deu o nome de OSASCO á sua proprie­dade.
Essa propriedade, servida então pela estação da E. F. Sorocabana, chamada simplesmente Kilometro 16, pelo trabalho e esforços de Agú attrahiu as attencões geraes, estendeu o nome a estação e depois a povoação, que ahi se creou, e hoje, ao districto de paz, onde está a povoação.
E houve razão para isso. Antô­nio Agú, nesse 1890, fundou ahi uma fabrica de cerâmica, que diri­giu durante algum tempo, entregan­do-a mais tarde aos industriaes francezes. Senseaud de Lavand e Herman Levy.
Em 1692, de sociedade com Narcizo Sturlini, installou uma fa­brica de papelão utilizando força motora do córrego de Bussucaba.
Interessando a Sociedade Del-lacqua estabeleceu também uma fabrica de tecidos.
Fez plantar 70.00O videiras, 30.000 diversas outras árvores fructiferas, 50.000 eucaliptos globulus, ficando estas plantações sob a direção de Nunziante Picagli.
Em parte, financiou estas emprezas o intelligente banqueiro. J. Bricolla, brasileiro adoptivo, que lá edificou magnífica vivendo, hoje propriedade de Júlio de Andrade e Silva.
J. Bricolla, por sua morte em 1915, que todos deploram, deixou a sua immensa fortuna, calculada em alguns milhares de contos de réis, toda ella feita com trabalho honesto em S. Paulo, á Santa Casa de Misericórdia desta ca­pita.
Osasco está ligada á capital por linha telephonica da Interurbana: tem botequins e vendas.
Seguindo a estrada de rodagem n.° 5 na proximidade do kilometro 19 está a fazenda de Quitauna, pertencenteriam em 1634 ao Mestre de Campo Antonio Raposo Tavares, o mais destemido e o maior dos capitães americanos
Conquistadores do continente sul: levou as armas paulistas, sempre victoriosas, ao Guayra, hoje no Estado do Paraná, e aos Tapes no Rio Grande do Sul, e pelo Paraguay, pelo alto Perú, atravessando o Amazonas, foi parar em Nova Cartagena, na actual Colômbia, “avassalando terra e mar para o seu rei”, como dizia.
Em 1706 essa fazenda de Quitauna pertenceu ao Capitão Pedro de Barros, tronco de muitas das principaes famílias paulistanas. Da passada grandeza, descripta por Pedro Taques e pelo Pe. Manoel Rodrigues, existem pequenas dependências, utilizadas hoje pelo atual proprietário Cândido Mariano de Brito. Por ellas se pôde ver como era a vida rural rústica de S. Paulo no começo do século 19. Lá estão machinas primitivas de fazer farinha de mandioca, de 1828.
No rio Carapicuhyba, dentro da Fazenda do Carapicuhyba, termina o território municipal e com elle a estrada n.° 5. na parte muicipal.
A fazenda Carapicuhyba, em 1842, pertencia ao Barão de Iguape, (Antônio da Silva Prado) e, essa época, soffreu grandes prejuizos com as forças revolucionárias levantadas pelo Brigadeiro Tobias, que se dispersaram no Jaguaré. Por ahi passou a tropa legal sob commando do Duque de Caxias que, nesse anno, em Sorocaba, recebeu a submissão dos rebeldes.
Quando S. Paulo era uma villa insignificante, essa estrada n,° 5 á existia como simples e antigo caminho; em vez, porém, de começar do Araçá, ella tinha principio, na rua de Santo Antonio, act­ual rua Direita, descia a encosta da montanha para o lado do Pi­ques e galgando o campo e as matta, por onde seriam a rua da Consolação e a avenida Rebouças. ia passar na aldêa de Pinheiros, e já era no século 16 o principal caminho do sertão. E' essa a opi­nião de Theodoro Sampaio e delle são as seguintes palavras:
— “Datava de época immemorial esse caminho, o primeiro pro­vavelmente que trilharam as tribos profugas do valle do Paraguay, encaminhando-se para o littoral atlantico. Elle representa na historia do segundo seculo da conquista essa via escelerada, ainda que gloriosa, por onde se consumou a destruição de Guayrá e a expansão do domínio portuguez em detrimen­to do poder de Castella no valle do Paraná".
Extraído do jornal O DISTRICTO 
1919



terça-feira, 12 de maio de 2015

Retornando.

Estarei de volta em breve e com muitas novidades.