terça-feira, 17 de novembro de 2015
quarta-feira, 22 de julho de 2015
A Igreja Matriz de Santo Antônio em Osasco – São Paulo.
“Era desejo de
Antonio Agù que a povoação existente em torno de suas terras possuísse uma
igreja edificada para o prolonga mento do caráter religioso dos habitantes da
Villa. Em mapa da “Villa Osasco”, desenhado por Júlio Saltini em 1899, é
estabelecido que o local propício à construção, ficaria no prolongamento da Rua
Henrique Dell’ Acqua (atual Rua Antonio Agù). Agù morreu em 1909, não chegando
a ver concretizado o seu desejo, e a área destinada à igreja não chegou a ser
doada, embora fosse mencionada em seu testamento.
Após a
elevação da Villa Osasco para Distrito em 31/12/1918, os habitantes locais,
desejosos de darem continuidade ao progresso do distrito, se reorganizam com a
denominação de “LIGA DOS INTERESSES LOCAES”, que vem a substituir a “COMISSÃO
PROTETORA DE MOLHORAMENTOS DA VILLA”. Em
reunião na casa de Jacob Fornazzari, por influência de Júlio de Andrade e Silva
“DELEGADO DISTRITAL” e tesoureiro da “LIGA”, é decidido o envio de um telegrama
à Itália, solicitando à herdeira de Agù, Giusephina Vianco Enrico, a doação de
um terreno, o mesmo previsto em 1899, para a construção de um templo
religioso.
Entre os
assuntos tratados na reunião, ficam estabelecidas várias comissões responsáveis
pelos serviços religiosos e as atribuições dos membros escolhidos, sendo
concedido por unanimidade o título de “PRESIDENTES BENEMÉRITOS E BENFEITORES”
aos doadores do terreno. Por telegrama
expedido da Itália é concedido à Mitra Archidiocesana do Estado, o terreno
requerido.
Quando foi
solicitada a doação do terreno, a “LIGA” já possuía um projeto arquitetônico
para igreja, de autoria de Ernesto Behreudt, estando aprovada pelo arcebispo de
São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, que escolhe Antonio de Pádua, para ser
o padroeiro da nova paróquia, homenageando desta forma Antonio Agù.
Após o recebimento do telegrama autorizando a
doação, os senhores Nathanael Leopoldo e Silva, Arthur de Vasconcellos e Júlio
de Andrade e Silva, em visita ao arcebispo, trocam impressões sobre a visita
que o mesmo deverá fazer ao recén criado “DISTRITO DE OSASCO”.
Com a chegada
dos “Benfeitores”, Giusephina e seu marido Cesare Enrico, as comissões
promotoras do evento decidem realizar no dia 15 de maio, as comemorações para o
“LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTONIO DE
PÁDUA EM OSASCO”.
Devido o tempo
chuvoso que fez às vésperas e no dia programado para os festejos, esses tiveram
de ser adiados para outra ocasião, que seria de conhecimento da população,
adiantando-se assim, as obras de alargamento e prolongamento da Rua Henrique
Dell’Acqua. Com a permissão da herdeira
de Agú a antiga rua vem a denominar-se Avenida Antonio Agù.
Para a
realização dos festejos é escolhido o dia 13 de julho, às dez horas da manhã,
facultando a participação de todos os habitantes e convidados, uma vez que o
evento se realizaria em um domingo.
Para “PATRONO”
da solenidade é escolhido Dom Duarte Leopoldo e Silva, “PRESIDENTE HONORÁRIO”,
pe. Benedito Pereira dos Santos, vigário da paróquia da Lapa. “Para Organização dos festejo: “PRESIDENTE”
Dr. Victor Ayrosa, ‘VICE” Dr. Esteves da Natividade, “SECRETÁRIO GERAL” Dr.
Arthur de Vasconcellos e para as demais comissões, diversos moradores locais.
O engenheiro
da planta é o sr. Dr. Ernesto Belwing, responsável pelas obras da Matriz a
Consolação.. A futura igreja obedece o
estilo romano e terá uma só torre. As suas dimensões internas são de 30 de
comprimento por 12 de largura, com três naves longitudinais e cinco transversais. Possuirá além do altar-mór, duas capelas
centrais, bem como uma sacristia e uma sala de reuniões.
Comportará, comodamente mil pessoas.
quinta-feira, 14 de maio de 2015
O jardim da Horticultura
O
trabalho em historiografia local, é as vezes um tanto ingrato e
decepcionante...
Ficamos
horas buscando informações sobre pessoas e fatos, e raramente encontramos algo,
o que é uma busca estafante, sem contar que quando é de uma família, que possa fornecer
informações, as mesmas se negam, e se escondem no nevoeiro de um passado que
possa fornecer informações sobre uma sociedade que não existe mais.... Ou seja,
guardam as informações para si mesmas...
Não
é uma crítica pessoal e sim a dificuldade que todos os historiadores vivenciam
em suas buscas, para tentar compreender o passado.
Atento
as tecnologias atuais, que se renovam constantemente, achei em uma página do
Facebook, uma foto interessante, um
pequeno garoto, nos idos da década de trinta, não sei exatamente quem é, mas em segundos reconheci a figura em
segundo plano: duas pilastras em tijolos,
velha conhecida minha, que ficavam defronte a atual Rua Antonio Agù. Era a entrada ou saída do “jardim da
horticultura”, conforme consta em um mapa desenhado por Júlio Saltini, em 1899. As mesmas pilastras também aparecem na Rua
Dona Primitiva Vianco, em foto da década de 40.
Em historiografia, existe sempre um tema
central e os transversais, é impossível pesquisar tudo, mas sempre surgem
informações que contribuem de alguma forma, ainda que não seja o tema central.
ex: Informações obtidas em documentos notariais.
Em 09/05/1900 os irmãos Giacomo e João
Smeriglio adquirem de Antonio Agù dois lotes de terra.
O 1° lote: com frente para a R. Henrique
Dell’ Áqcua (atual R. Antonio Agù), com 6 m de frente, de um lado Com Evaristhe
Sensaud de Lavaud com 42 m a direita, e com Cesare Mischi, onde mede 39 m.
Fundos também com Sensaud de Lavaud.
Neste local havia uma pequena casa comercial que vendia hortaliças.
Existe um registro fotográfico (refiz em desenho, pois só aparece em parte, o
resto da descrição é do Sr. Walter Ramos), e a entrevista com o Sr. Walter
Ramos, neto de Da. Mariana Q. Fabbri, ele descreve o apelido de Giacomo como
“Jacolim”, idem para o também morador João Vicente que o conheceu pessoalmente. Essa ficava ao lado esquerdo da Vila
Cerqueira
O 2° lote: frente para a mesma rua, com 36
m, lado direito com Ercole Ferrè, com 76 m, segue fazendo um ângulo agudo e
segue com 19 m, novo ângulo até a r. Da.
Primitiva Vianco com 54 m. Confronta-se
de uma lado com: Alesio José (vendido
depois á Domingos Spada), viúva Mariana
Q. Fabbri, Miguel Toschino, José
Barbieri e do outro lado com Sensaud de Lavaud onde mede 54 m e ai faz um
ângulo onde mede 54 m, fazendo um ângulo agudo com ? m, daí faz outro ângulo e segue por 49 m.,
até encontrar a R. Primitiva Vianco, onde faz frente com 49 m. Este era
conhecido como o “jardim da horticultura”, segundo mapa de 1899.
Neste terreno é previsto a abertura de uma
rua, que não acabou ocorrendo.
Na cópia do mapa que reproduzi não aparece
a localização da moradia familiar, mas em mapas posteriores, aparece ao lado do
terreno de Sensaud de Lavaud. Mas é
possível que a construção tenha mudado de localização...
José Luiz Alves de Olveira
Bacharel
em História pela UNIFIEO
Osasco,17
de abril de 2015.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Resumo histórico de Osasco
Resumo
histórico sobre Osasco
São mais que merecidas todas
as homenagens a Antônio Agú, porque a elle se deve o que é
presentemente o districto de Osasco.
Para se avaliar bem e a
população melhor ajuizar o valor
moral e activo desse homem de largas
vistas propulsoras do trabalho, basta
ler o que a seguir transcrevemos, copia
exacta do archivo da Câmara
Municipal da Cidade de São Paulo, com
annos já, de documentação e de
bastante opportunidade.
"De
caminho para Osasco; no kilometro 13 da
estrada, se atravessa a propriedade da
Continental de Osasco, moderno Matadouro Frigorífico, com uma
matança diária, para exportação, de 700
bois e 3OO porcos.
É
um estabelecimento, que rivaliza com os seus congêneres
americanos, nos quaes dos bois e dos porcos só não se
aproveitam, por emquanto, os gritos.
Antes
de 1890, o local onde está situada a pequena povoação de Osasco, a
16 kilometros desta capital por estrada de ferro, era apenas um
inculto e estéril terreno.
A
sua posição amena, a proximidade da capital, a situação do
terreno em geral plano ao longo da estrada Sorocabana, uma das três
mais importantes vias férreas de S. Paulo, attrahiram a attenção
de Antônio Agú, activo e energico italiano que, possuindo razoável
fortuna, quiz transformar esse pequeno deserto em centro
agrícola e industrial.
Em
1890, de volta do interior do Estado, após penosos trabalhos,
Antônio Agú, comprou ahi 7.000.000 de metros quadrados de terreno,
e, como se chama OSASCO na província de Turim, na Itália, o local
do seu nascimento, deu o nome de OSASCO á sua propriedade.
Essa
propriedade, servida então pela estação da E. F. Sorocabana,
chamada simplesmente Kilometro 16,
pelo trabalho e esforços de Agú
attrahiu as attencões geraes, estendeu
o nome a estação e depois a povoação, que ahi se creou, e hoje,
ao districto de paz, onde está a povoação.
E
houve razão para isso. Antônio Agú, nesse 1890, fundou ahi
uma fabrica de cerâmica, que dirigiu
durante algum tempo, entregando-a mais tarde aos industriaes
francezes. Senseaud de Lavand e Herman Levy.
Em
1692, de sociedade com Narcizo Sturlini, installou uma fabrica
de papelão utilizando força motora do córrego de Bussucaba.
Interessando
a Sociedade Del-lacqua estabeleceu também uma fabrica de tecidos.
Fez
plantar 70.00O videiras, 30.000 diversas outras árvores fructiferas,
50.000 eucaliptos globulus,
ficando estas plantações sob a direção de Nunziante Picagli.
Em
parte, financiou estas emprezas o
intelligente banqueiro. J. Bricolla,
brasileiro adoptivo, que lá edificou
magnífica vivendo, hoje propriedade de Júlio de Andrade e Silva.
J.
Bricolla, por sua morte em 1915, que todos deploram, deixou a sua
immensa fortuna, calculada em alguns milhares de contos de réis,
toda ella feita com trabalho honesto em S. Paulo, á Santa Casa de
Misericórdia desta capita.
Osasco
está ligada á capital por linha telephonica da Interurbana: tem
botequins e vendas.
Seguindo
a estrada de rodagem n.° 5 na proximidade do kilometro 19 está a
fazenda de Quitauna, pertencenteriam em
1634 ao Mestre de Campo Antonio Raposo Tavares, o mais destemido e o
maior dos capitães americanos
Conquistadores
do continente sul: levou as armas paulistas, sempre victoriosas, ao
Guayra,
hoje no Estado do Paraná, e aos Tapes no Rio Grande do Sul, e pelo
Paraguay, pelo alto Perú, atravessando o Amazonas,
foi parar em Nova Cartagena, na actual Colômbia, “avassalando
terra e mar para o seu rei”,
como dizia.
Em 1706 essa fazenda de
Quitauna pertenceu ao Capitão Pedro de
Barros, tronco de muitas das principaes famílias paulistanas. Da
passada grandeza, descripta por Pedro Taques e pelo Pe. Manoel
Rodrigues, existem pequenas dependências, utilizadas hoje pelo atual
proprietário Cândido Mariano de Brito. Por ellas se pôde ver
como era a vida rural rústica de S.
Paulo no começo do século 19. Lá estão machinas primitivas de
fazer farinha de mandioca, de 1828.
No
rio Carapicuhyba, dentro da Fazenda do Carapicuhyba, termina o
território municipal e com elle a estrada n.° 5. na parte muicipal.
A
fazenda Carapicuhyba, em 1842, pertencia ao Barão de Iguape,
(Antônio da Silva Prado) e, essa época, soffreu grandes prejuizos
com as forças revolucionárias levantadas pelo Brigadeiro Tobias,
que se dispersaram no Jaguaré. Por ahi passou a tropa legal sob
commando do Duque de Caxias que, nesse anno, em Sorocaba, recebeu a
submissão dos rebeldes.
Quando
S. Paulo era uma villa insignificante, essa estrada n,° 5 á existia
como simples e antigo caminho; em vez, porém, de começar do Araçá,
ella tinha principio, na rua de Santo Antonio, actual rua
Direita, descia a encosta da montanha para o lado do Piques e
galgando o campo e as matta, por onde seriam a rua da Consolação e
a avenida Rebouças. ia passar na aldêa de Pinheiros, e já era no
século 16 o principal caminho do sertão. E' essa a opinião
de Theodoro Sampaio e delle são as seguintes palavras:
—
“Datava de época immemorial esse caminho, o
primeiro provavelmente que trilharam as tribos profugas do valle
do Paraguay, encaminhando-se para o littoral atlantico. Elle
representa na historia do segundo seculo da conquista essa via
escelerada, ainda que gloriosa, por onde se consumou a destruição
de Guayrá e a expansão do domínio portuguez em detrimento do
poder de Castella no valle do
Paraná".
Extraído do jornal O DISTRICTO
1919
terça-feira, 12 de maio de 2015
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