Hoje em dia presenciamos o redescobrimento de valores patrimoniais e culturais, aprendendo a olhar para o patrimônio como uma parte de nossa e que valoriza a cultura, de algo que é o retrato de um passado histórico, e de manifestações culturais. Não é a busca de exótico, mas a forma de viver de um povo...
A preservação do patrimônio histórico brasileiro se reveste desde o seu início, de interesses políticos de uma classe dominante. Com o objetivo de reafirmar uma identidade nacional foi criado, em 1936, o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que através do tombamento possibilita a proteção do patrimônio histórico.
A criação do SPHAN surge com o Modernismo e do Estado Novo. O movimento Modernismo “representou um esforço de penetrar mais fundo na realidade brasileira” (BOSI, 1994, p. 332), buscava uma genuína identidade cultural brasileira despida do modelo europeu, e o Estado Getulista procura uma identidade nacional com a valorização do patrimônio histórico.
“A ideologia vigente no Estado Novo apoiava-se no nacionalismo, o que resultou na legitimação do discurso dos modernistas sobre o patrimônio” (MELO, 1998, p. 24).
“O Movimento Moderno da década de 20 teve uma grande influência no projeto político do SPHAN. As idéias contidas nas várias obras literárias e artísticas dos modernistas são expressas pela visão crítica que contestava um Brasil europeizado, que não reconhecia o valor da cultura nacional.” (SILVA, 2004, p. 46).
O “Moderno” passou a ser o modelo da época, e os modernistas defendiam a arquitetura colonial e o barroco brasileiro como expressão máxima da identidade cultural brasileira. Afirmavam, e hoje sabemos que suas opiniões são legitimas, pois valoriza a relações entre passado e futuro, servindo até para a formação da arquitetura moderna no Brasil.
O barroco e as construções do período colonial acabaram sendo eclipsadas perante um modelo “importado” tomando formas de um estilo neoclássico, muito ao gosto da corte imperial brasileira, obra sem a devida autenticidade arquitetônica e distante do modelo português...
Como podemos notar, a questão da preservação do patrimônio histórico sempre esteve ligada a interesses políticos e econômicos de uma determinada maioria, e do próprio Estado sempre a procura de recursos financeiros, para criar uma identidade cultural nacional e a uma determinada tematização. Um símbolo que fosse conhecido e valorizado não só nacionalmente, mas internacionalmente também, definindo o barroco para representar essa idéia.
Obviamente outros aspectos culturais foram esquecidos: a s culturas dos negros e indígenas, notadamente reconhecidas pelos modernistas como a expressão máxima da cultura brasileira.
Um comentário:
Acesse matéria que fala de importante vitória da cidadania, em defesa da preservação do patrimônio histórico e da cultura, SENTENÇA PROCEDENTE EM AÇÃO POPULAR. ACessar em: http://valdecyalves.blogspot.com/2011/04/acao-popular-julgada-procedente-materia.html
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