Resumo
histórico sobre Osasco
São mais que merecidas todas
as homenagens a Antônio Agú, porque a elle se deve o que é
presentemente o districto de Osasco.
Para se avaliar bem e a
população melhor ajuizar o valor
moral e activo desse homem de largas
vistas propulsoras do trabalho, basta
ler o que a seguir transcrevemos, copia
exacta do archivo da Câmara
Municipal da Cidade de São Paulo, com
annos já, de documentação e de
bastante opportunidade.
"De
caminho para Osasco; no kilometro 13 da
estrada, se atravessa a propriedade da
Continental de Osasco, moderno Matadouro Frigorífico, com uma
matança diária, para exportação, de 700
bois e 3OO porcos.
É
um estabelecimento, que rivaliza com os seus congêneres
americanos, nos quaes dos bois e dos porcos só não se
aproveitam, por emquanto, os gritos.
Antes
de 1890, o local onde está situada a pequena povoação de Osasco, a
16 kilometros desta capital por estrada de ferro, era apenas um
inculto e estéril terreno.
A
sua posição amena, a proximidade da capital, a situação do
terreno em geral plano ao longo da estrada Sorocabana, uma das três
mais importantes vias férreas de S. Paulo, attrahiram a attenção
de Antônio Agú, activo e energico italiano que, possuindo razoável
fortuna, quiz transformar esse pequeno deserto em centro
agrícola e industrial.
Em
1890, de volta do interior do Estado, após penosos trabalhos,
Antônio Agú, comprou ahi 7.000.000 de metros quadrados de terreno,
e, como se chama OSASCO na província de Turim, na Itália, o local
do seu nascimento, deu o nome de OSASCO á sua propriedade.
Essa
propriedade, servida então pela estação da E. F. Sorocabana,
chamada simplesmente Kilometro 16,
pelo trabalho e esforços de Agú
attrahiu as attencões geraes, estendeu
o nome a estação e depois a povoação, que ahi se creou, e hoje,
ao districto de paz, onde está a povoação.
E
houve razão para isso. Antônio Agú, nesse 1890, fundou ahi
uma fabrica de cerâmica, que dirigiu
durante algum tempo, entregando-a mais tarde aos industriaes
francezes. Senseaud de Lavand e Herman Levy.
Em
1692, de sociedade com Narcizo Sturlini, installou uma fabrica
de papelão utilizando força motora do córrego de Bussucaba.
Interessando
a Sociedade Del-lacqua estabeleceu também uma fabrica de tecidos.
Fez
plantar 70.00O videiras, 30.000 diversas outras árvores fructiferas,
50.000 eucaliptos globulus,
ficando estas plantações sob a direção de Nunziante Picagli.
Em
parte, financiou estas emprezas o
intelligente banqueiro. J. Bricolla,
brasileiro adoptivo, que lá edificou
magnífica vivendo, hoje propriedade de Júlio de Andrade e Silva.
J.
Bricolla, por sua morte em 1915, que todos deploram, deixou a sua
immensa fortuna, calculada em alguns milhares de contos de réis,
toda ella feita com trabalho honesto em S. Paulo, á Santa Casa de
Misericórdia desta capita.
Osasco
está ligada á capital por linha telephonica da Interurbana: tem
botequins e vendas.
Seguindo
a estrada de rodagem n.° 5 na proximidade do kilometro 19 está a
fazenda de Quitauna, pertencenteriam em
1634 ao Mestre de Campo Antonio Raposo Tavares, o mais destemido e o
maior dos capitães americanos
Conquistadores
do continente sul: levou as armas paulistas, sempre victoriosas, ao
Guayra,
hoje no Estado do Paraná, e aos Tapes no Rio Grande do Sul, e pelo
Paraguay, pelo alto Perú, atravessando o Amazonas,
foi parar em Nova Cartagena, na actual Colômbia, “avassalando
terra e mar para o seu rei”,
como dizia.
Em 1706 essa fazenda de
Quitauna pertenceu ao Capitão Pedro de
Barros, tronco de muitas das principaes famílias paulistanas. Da
passada grandeza, descripta por Pedro Taques e pelo Pe. Manoel
Rodrigues, existem pequenas dependências, utilizadas hoje pelo atual
proprietário Cândido Mariano de Brito. Por ellas se pôde ver
como era a vida rural rústica de S.
Paulo no começo do século 19. Lá estão machinas primitivas de
fazer farinha de mandioca, de 1828.
No
rio Carapicuhyba, dentro da Fazenda do Carapicuhyba, termina o
território municipal e com elle a estrada n.° 5. na parte muicipal.
A
fazenda Carapicuhyba, em 1842, pertencia ao Barão de Iguape,
(Antônio da Silva Prado) e, essa época, soffreu grandes prejuizos
com as forças revolucionárias levantadas pelo Brigadeiro Tobias,
que se dispersaram no Jaguaré. Por ahi passou a tropa legal sob
commando do Duque de Caxias que, nesse anno, em Sorocaba, recebeu a
submissão dos rebeldes.
Quando
S. Paulo era uma villa insignificante, essa estrada n,° 5 á existia
como simples e antigo caminho; em vez, porém, de começar do Araçá,
ella tinha principio, na rua de Santo Antonio, actual rua
Direita, descia a encosta da montanha para o lado do Piques e
galgando o campo e as matta, por onde seriam a rua da Consolação e
a avenida Rebouças. ia passar na aldêa de Pinheiros, e já era no
século 16 o principal caminho do sertão. E' essa a opinião
de Theodoro Sampaio e delle são as seguintes palavras:
—
“Datava de época immemorial esse caminho, o
primeiro provavelmente que trilharam as tribos profugas do valle
do Paraguay, encaminhando-se para o littoral atlantico. Elle
representa na historia do segundo seculo da conquista essa via
escelerada, ainda que gloriosa, por onde se consumou a destruição
de Guayrá e a expansão do domínio portuguez em detrimento do
poder de Castella no valle do
Paraná".
Extraído do jornal O DISTRICTO
1919
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