Autonomistas e a Emancipação de Osasco
Em 1944, Osasco passou de zona distrital para subdistrito da cidade de São Paulo. Era uma região industrial em emergente progresso, contribuindo anualmente com impostos no valor de três milhões de cruzeiros. Mas o retorno não vinha através de obras significativas que a prefeitura de São Paulo poderia fazer. Sendo assim um grupo de habitantes teve a idéia de se reunir para lutar em defesa do bairro de Osasco...
A Sociedade Amigos de Osasco – SAO, presidida pelo dentista Reinaldo de Oliveira, viria, então, a travar uma grande luta a favor da Autonomia Político-Administrativa de Osasco. Esse trabalho era feito através da distribuição de panfletos, reuniões e palestras.
Na década de 50, Osasco já contava com as novas empresas que se instalaram no bairro: Fábrica de Tecidos Tatuapé, ADAMAS S. A, Benzenex, Induselet-Charlerói, Osram, Brown Boveri, Rilsan, White Martins, Ford Brasil, Barreto Keller, Comabra, Masul, Forjaço e Braseixos Rockell S. A.
No dia 19.02.1952 a Sociedade Amigos de Osasco realizou uma reunião no Cinema Osasco, onde compareceram representantes da sociedade, das indústrias, do comércio e interessados para, em conjunto, iniciar um movimento visando transformar o subdistrito em município.
Às 21 horas, o Sr. Reinaldo de Oliveira presidente da SAO deu início à reunião na qual foi aprovada a formação da comissão de 50 membros para tratar da organização da “Liga Autonomista de Osasco”. Esta promoveria o desmembramento de Osasco da capital.
A partir de Então passaram a existir em clima de guerra, duas poderosas forças antagônicas: lideradas por Reinaldo de Oliveira, a turma do “SIM”, “representantes de diversas profissões que, pelos sólidos vínculos que os ligavam às atividades produtiva e profunda integração que mantinham com a vida da comunidade, aspiravam, como a história comprova, tão somente melhores condições para toda a população local”. Nair de Salvi Marques - Emancipadora
A outra liderada por Lacydes Prado, era a turma do “NÃO”, também integrada por moradores de Osasco. As reações de ambas acabaram dividindo a opinião pública.
Alguns relatos de emancipadores dão a idéia de como se comportavam e qual era a importância do movimento:
“Quando do primeiro plebiscito uma das mentiras vinculadas pelos adeptos do” “Não” era a de que, se o “SIM” ganhasse, os cigarros custariam 10 centavos mais caro. Outra preocupação era a de que o salário mínimo para o interior seria menor. Isso também era mentira.
O salário mínimo de um município novo tem que ser igual ao do município de onde foi “desmembrado”. Walter Negrelli – Emancipador.
O “SIM” perdeu por uma pequena diferença de 145 votos e, provavelmente, o resultado fora fraudado em virtude das urnas eleitorais terem ficado no cartório local, que era o reduto da turma do “Não”.
“No segundo plebiscito, em 1958, pensamos assim: os fins justificam os meios. Ganhamos por 1283 votos”. Reinaldo de Oliveira – Emancipador
O movimento autonomista foi alçado em assembléia realizada no clube Floresta, em 13.12.1957, sendo decidido que a SADO seria responsável pela documentação a ser enviada até o fim de abril de 1958, à Assembléia Legislativa.
As eleições marcadas para 10.04.1959 foram suspensas pelo Supremo Superior Tribunal Eleitoral que anulou a lei criadora do município.
Em 11.11.1959, o órgão eleitoral, pelo voto de desempate do presidente, indeferiu o pedido daquela agremiação, alegando que persistia a decisão do STF o qual declarou nula a Lei 5.121.
Os autonomistas recorreram ao TSE, que em pronunciamento de 07.06.1961, reconheceu os feitos da lei estadual que concedeu a emancipação e promoveu o desmembramento de Osasco da capital.
Declarando sem efeito a decisão do TER que considerava necessária a realização de novo plebiscito, na mesma data ordenou ao TER à marcação das eleições. Foi então, fixado para o dia 07.01.62 para o pleito.
O prefeito de São Paulo, Prestes Maia, recorreu ao TSE no dia 15 de novembro.
Como o Tribunal não tomou conhecimento do recurso, o chefe do Executivo Paulistano requereu “reclamação regimental” ao Supremo. A liminar foi concedida.
Na madrugada do dia 07 (dia da eleição) o TER reuniu-se e suspendeu a eleição. O descontentamento foi geral em Osasco; muito só souberam da suspensão na hora de votar.
Pela manhã houve o início de um comício com faixas e cartazes para o enterro do STF.
Osasco ostentava luto, faixas pretas foram distribuídas à população e foi organizada uma comitiva com destino ao Ibirapuera, local do gabinete do prefeito, para se conseguir um resultado favorável. Sem deter ninguém, a guarda civil dissolveu a passeata.
No dia uma caravana seguiu em direção ao Museu do Ipiranga, trazendo de lá a chama da pira do altar da pátria, que por sua vez ficaria acesa no largo da estação Osasco, até que fossem realizadas as eleições.
As eleições foram realizadas em 04.02.62 e os resultados apontaram para prefeito o advogado Hirant Sanazar.
A diplomação ocorreu no dia 07 de 02.62 e a posse do primeiro prefeito e vereadores no dia 19.02.62.
As primeiras realizações administrativas que visavam beneficiar o município foram: serviços de tapa buracos, recapeamento da Estrada de Itú e várias ruas do bairro de Presidente Altino, criação da SASMO (Serviço de Assistência Social do Município de Osasco), modernização da coleta de lixo, criação de uma linha circular de transportes coletivos, Convênios, Serviço Telefônico Municipal, aquisição de 15 veículos para serviços diversos, construção da Garagem Municipal no km 21, aquisição de um edifício para abrigar a municipalidade, etc.
O período é marcado por contestações e afirmações sociais, greves eclodem no Brasil inteiro em desagravo ao regime presidencial e posteriormente residencial. Em 1963 diversas empresas de ônibus paralisaram os serviços em Osasco. Em 1967 as Industrias fizeram o seu protesto no âmbito de garantir melhora salarial, era a primeira vez que tal fato ocorria em Osasco.
Mas também o modismo se fez presente com a realização de inúmeros festivais de Música brasileira em Osasco, e a Festa do Imigrante.
Outras manifestações regionais se firmaram ao longo dos anos como a ABAS, Associação dos Artistas Sertanejos e a Casa do Violeiro do Brasil, incluindo a Orquestra de Violeiros, mas a mais representativa é a Corporação Musical Sto. Antonio de Osasco, fundada em 1954.
Aos 47 anos de Emancipação com quase 1.000.000 de habitantes, a cidade de Osasco, possui significativa satisfatória qualidade de vida na região metropolitana que inclui: uma Catedral católico e diversas denominações religiosas, Parques públicos (02), Shopping Center (01), Universidades, Conservatório Musical, Estádio Municipal (02), Centros esportivos (06), Mercados Municipais (03), Creches (35), Terminais Rodoviários (03), Boulervard (02), Monumentos, praças arborizadas (250), modernos Hospitais (02), Policlínicas, Postos de Saúde, Teatro (01), Espaço Cultural (01), Bibliotecas Municipais (03), jornais, emissoras de rádio (02) e televisão (02), Escolas de Ensino Fundamental (29) Emei (6), EMEIEF (02), EMME (01) e a sede da municipalidade com 21 secretárias municipais, enfim a infraestrutura de uma Cidade Trabalho.
Bibliografia:
Oliveira, José Luiz Alves de. Memória de um Bairro chamado Osasco. 1997.
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